Entrada da Casa Cor, no Parque da Água Branca. Foto: Maisa Infante

Por que nossas cidades são tão cinzas, se a natureza oferece uma paleta quase infinita? Um dos ambientes da Casa Cor, que este ano acontece no Parque da Água Branca, propõe uma resposta a essa pergunta ao reunir botânica, arquitetura e cor.

Na Casa Coral, criada pelo arquiteto Maurício Arruda, as cores usadas nas paredes e rodapés foram inspiradas em tons extraídos de plantas do parque. 

A pesquisadora Maibe Marocollo, especializada em tintas naturais,  fez uma pesquisa in loco com 20 espécies tintoriais colhidas no parque: urucum, cafeeiro, aroeira, cedro rosa, ipê roxo, angico, pinheiro, goiabeira, pau-brasil, jacarandá, nespereira, quaresmeira, amoreira, mangueira, eucalipto, jenipapo, pau ferro, abacateiro, flamboyant e jambeiro. No final do processo, que incluiu o uso de reagentes minerais, ela chegou a 60 cores derivadas destas espécies.

A partir do estudo, a Coral escolheu – no seu leque com mais de 2 mil cores – as tonalidades que se aproximavam dos pigmentos originários das plantas tintoriais estudadas e, assim, o Parque da Água Branca ganhou uma paleta própria. 

No ambiente que pode ser visitado na Casa Cor foram usadas 10 cores dessa pesquisa como fogão de lenha (aroeira), areia de canoa (abacateiro), púrpura marroquina (pau-brasil) e bege amuleto (eucalipto).

A paleta de cores inspirada na flora do Parque da Água Branca. Imagem: reprodução

Por que isso é importante?

Mostrar que é possível extrair cor das plantas de um parque urbano é mais do que uma curiosidade botânica. Esse tipo de iniciativa revela como os elementos naturais podem ser fonte de criação e conexão. Quando entendemos que o abacateiro, o pau-brasil ou a aroeira podem, além de compor a paisagem, inspirar a cor das paredes, passamos a enxergar a natureza urbana com olhos mais atentos e sensíveis.

Na entrada da Casa Coral, potes transparentes com água colorida mostram os pigmentos naturais extraídos das espécies estudadas. Eles chamam a atenção de quem passa e funcionam como uma porta de entrada para o entendimento mais profundo de todo o processo. 

Uma exposição na entrada da Casa Coral explica mais sobre a pesquisa de Maibe Marocollo. Foto: Maisa Infante

Como disse a pesquisadora Maibe Maracollo, “trazer esses elementos visuais para o espaço expositivo foi uma forma de aproximar o público da ideia de que a natureza local é fonte de cor, de conhecimento e de pertencimento”.

Mesmo que de forma pontual, esse tipo de ação cumpre uma função educativa muito necessária nas cidades: nos reconectar com o que é natural e, muitas vezes, invisível ao nosso olhar apressado.

No Verde SP, essa é uma das premissas: mostrar que a natureza está presente nas cidades e que é possível construir uma relação mais próxima e respeitosa a partir de experiências cotidianas e sensíveis como essa.

Para quem quer visitar a Casa Cor

  • Onde: Parque da Água Branca, Rua Dona Ana Pimentel, 37
  • Quando: de 27 de maio a 03 de agosto de 2025
  • Horário de funcionamento: Terça a domingo das 11h às 21h
  • Preços: R$121,00 (inteira) e R$ 60,50 (meia entrada)
  • www.casacor.abril.com.br

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