Rico Venerito e Thamiris Nascimento empunharam uma britadeira para rasgar o chão e construir estas formas sinuosas – que se vê na foto acima – no terreno que, até o ano passado, era uma quadra poliesportiva. A área de lazer foi utilizada pela família de Rico durante muito tempo, até que as crianças ficaram adultas, os adultos envelheceram e o espaço ficou um pouco abandonado.

Thamiris e Rico com a abóbora gigante que colheram da horta

Ligados ao meio-ambiente, sustentabilidade, desenvolvimento local, alimentação saudável e permacultura, os dois uniram forças no projeto de transformar os 800 m² de terreno no Espaço C’alma, um lugar que ainda está em construção e por onde circula a energia do verde, da arte e da criatividade. Os canteiros curvos foram construídos no lugar onde o concreto reinou absoluto durante mais de 30 anos. A terra pobre está sendo recuperada e vai receber diversas plantas comestíveis, incluindo sementes criolas (sementes tradicionais, que foram guardadas e cultivadas por agricultores familiares). Será um jardim comestível. “Antigamente, os jardins eram usados para a autossuficiência da família, que plantava o que ia comer. Depois, com a industrialização, o jardim começou a se transformar em símbolo de status. Quanto mais bonito, mais poder se tinha. Aqui, queremos trazer de volta esse lugar do jardim com a função da terra, que é produzir comida. Ele pode ser bonito, mas tudo que estiver ali será comestível”, explica Thamiris. “É pra ser um lugar gostoso, que te recebe, diferente de uma horta toda enfileirada, onde as pessoas só vão pra colher e fazer a manutenção”, completa. A colheita será usada no dia-a-dia do casal, nos projetos culinários de Thamiris e onde mais eles acharem possível. “A gente quer trazer autossuficiência pra nossa vida. Mas certamente vai dar pra colocar bastante coisa aqui e, talvez, gere um excedente”.

O C’alma é um projeto muito pessoal, que está sendo construído para ser o quintal ateliê do casal – ligado à arte e à música -, a cozinha experimental de Thamiris e, também, um lugar de compartilhamento de ideias, energias e boas vibrações, além de um exemplo de construção limpa e sustentável. Não vai ser um espaço que ficará com as portas abertas durante o dia todo, mas um lugar que vai abrigar projetos, ideias, oficinas, cursos, vivências e encontros que poderão acontecer de maneira mais formal, ou então em torno de uma fogueira ou mesmo de frente para a tela de cinema que eles pintaram no muro. “O propósito inicial é que seja o nosso ateliê e que a gente possa abrir o espaço para as pessoas que vibram na mesma frequência, têm o mesmo propósito, ou buscam isto de alguma forma e não sabem o caminho”, explica Thamiris.

A OBRA
Rico e Thamiris entraram nessa empreitada com o propósito de fazer uma obra sem caçamba, que gerasse o mínimo de lixo possível. E aí começou uma engenharia de criatividade e reaproveitamento das coisas. O concreto quebrado para dar lugar aos canteiros, por exemplo, virou matéria prima para os patamares do salão coberto que eles construíram ao fundo. A madeira usada na obra saiu de um terreno abandonado, onde estavam prontas para virar fogueira. Os vidros que fecham a parte de trás do salão eram descarte de uma obra. E assim segue o propósito. Tacos retirados de caçamba viraram tampo de mesa, um vaso virou pia… “Pra mim, quando se fala em sustentabilidade o sistema mais harmonioso é o reaproveitamento, porque a cidade já gera resíduo demais”, reflete Thamiris, uma arquiteta que adora revirar uma caçamba em busca do que pode ser reutilizado.

A TERRA
Uma das partes mais importantes do projeto é o jardim. Lá, as plantas terão espaço para crescer, completar o seu ciclo e ir para o prato. Pra isso, eles cuidaram muito bem da terra, que estava compactada, pobre e ácida. Foi um trabalho árduo, que vocês podem conhecer por meio das fotos aí embaixo.

Agora, é esperar o tempo de semear, as plantas crescerem, os ciclos se completarem e as pessoas se encontrarem para compartilhar as ideias, os projetos e fazer esse espaço acontecer. Tudo com calma!

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