Por incrível que pareça, as ruas de São Paulo podem ser “educadoras botânicas”.  Dia desses, saí de casa em busca de um pé de guaraná na Rua Pedreira de Freitas, no Tatuapé. Uma amiga me disse que havia um na altura do número 1.058 e saí de casa na empolgação para encontrá-lo. Afinal, guaraná eu só conheço o refrigerante.

Quando cheguei, dei de cara com um pé de caferana, e não de guaraná. Eu só sabia disso porque conheci essa frutinha vermelha há um ano, durante o passeio PancNaCity, organizado pela Neide Rigo na City Lapa.

Dona Maria, a senhora que tem o bar há 30 anos em frente àquela árvore – e que ficou frustrada por eu não ser da prefeitura e não estar lá para dar um jeito na outra árvore, que está enorme e ela tem medo que caia – me disse pra conversar com o homem que plantou a árvore, seu Alfredo, logo depois da esquina.

Toquei a campainha na maior cara de pau e seu Alfredo, um senhor bem idoso, abriu a porta. Ele plantou a árvore há 40 anos achando que era guaraná. Mas logo que a planta cresceu e começou a dar frutos, ele viu que não era. Diz que se trata de um tipo de cereja. Como na brincadeira do telefone sem fio, imagino que de tanto contar a história de ter recebido a muda como se fosse guaraná, a informação que fica é de que se trata, realmente, de um pé de guaraná.

A confusão, aliás, parece comum. O gestor ambiental Guilherme Ranieri, que assina o blog Matos de Comer, conta que comprou muda de caferana como se fosse de guaraná.

O que a caferana tem?

Natural dos Andes, o nome científico da Caferana é Bunchosia armeniaca. Os nomes populares são diversos: ciruela, cafezinho, ameixa-do-pará, caramela, marmelo. Em inglês, essa fruta é conhecida como “peanut butter fruit”, justamente porque tem gosto parecido com o da manteiga de amendoim. Gosto e textura.

É uma fruta bem sensível e bem macia quando madura, que se desfaz facilmente. E também amadure muito rápido. A cada 12 horas o fruto muda de cor. E se as pessoas não comem, os pássaros, principalmente as maritacas, dão conta.

A fruta não é muito apreciada in natura, mas rende ótimos doces e sorvetes.

É considerada uma PANC (Plantas Alimentícias não Convencionais) e está no guia de identificação do Valdely Knupp. Lá, aliás, tem receita de doce de corte de ciruela (caferana), sorvete e molho vermelho.

Bem versátil essa caferana, né?

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