Hoje vou contar a história do quintal da jornalista Cláudia Visoni. Ela é uma das criadoras da Horta das Corujas, na Vila Madalena, e está sempre envolvida com as questões da agricultura urbana. Sua casa fica no Alto de Pinheiros e o quintal é um espaço de experimentação, onde ela cultiva PANC (Plantas Alimentícias Não Convencionais), plantas convencionais também, espécies nativas da Mata Atlântica, flores, temperos e tudo o que tiver vontade. É um quintal que está sempre em movimento, que muda de acordo com a época do ano e o ciclo das plantas.

Cláudia cresceu em casa com quintal, mas passou 15 anos morando em apartamento. Quando o filho começou a fazer, na sala, brincadeiras que pediam mais espaço, ela resolveu alugar uma casa. E o quintal ganhou relevância como o espaço para as crianças brincarem. Ela saiu da casa alugada, construiu esse imóvel onde vive hoje e as palmeiras colocadas pelo paisagismo feito na época funcionavam como as traves do gol.

O filho cresceu, o quintal ficou pequeno para o futebol e Cláudia começou a se aproximar das questões ambientais e da agricultura urbana. Enquanto ia se aprofundando nestes assuntos, o quintal da brincadeira das crianças ia se transformando em um espaço onde as plantas comestíveis e medicinais eram dominantes. Hoje, esse quintal é um espaço de agricultura urbana pessoal. O paisagismo da época resiste em algumas palmeiras exóticas que ainda estão por lá, mas o quintal ganhou outra cara com batata-doce, hortelã, buva, inhame, almeirão, boldo, manjericão, pimenta, tomate, pimentão, mandioca, milho, caruru, couve e muitas outras espécies espalhadas pelo terreno. A grama ocupa apenas um pequeno espaço, um lugar de respiro, onde é possível sentar pra descansar e onde Cláudia pisa todas as manhãs para sentir o orvalho e a energia da natureza.

O palmital e os tucanos

Uma das mudas de Palmito Jussara do quintal de Cláudia

Em meio a todas as plantas cultivadas nesse quintal vivo, as mudas de Palmito Jussara são o xodó da jornalista. Espécie da Mata Atlântica em risco de extinção, elas ocupam uma lateral sombreada e úmida, o ambiente propício para seu desenvolvimento. A expectativa é que em 10 ou 15 anos já estejam grandes e com frutos, para que os tucanos possam passar por ali. “Um dia, participei de uma aula do Ricardo Cardim e ele comentou que fez um quintal na região onde eu moro, plantou Palmito Jussara e os tucanos vieram porque eles gostam da fruta. Os tucanos, na verdade, passam por cima de São Paulo. Eles vão da Cantareira para a Serra do Mar, mas não param porque não têm comida. Não sei quanto tempo vai demorar, mas um dia eu vou acordar com os tucanos me visitando”.

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