Paula Lopes queria se mudar, mas ganhou fôlego para ficar quando começou a se envolver com as hortas comunitárias

*Fotos: Paula Lopes

Paula Lopes, 51, é fotógrafa e trabalha com produção audiovisual. Em 2011, cansada da falta de contato com a natureza em São Paulo, pensava seriamente em se mudar. Começou a ir para uma pequena cidade do interior de Minas Gerais trabalhar aos finais de semana para sentir como era essa vida, ter um respiro e voltar com mais energia para a metrópole.
Nessa mesma época, ela iniciou um projeto de fotografar os matos que crescem espontaneamente nas calçadas da cidade para poder identificá-los. Era um jeito de estar perto da natureza e reviver um pouco do próprio passado. Paula cresceu frequentando a chácara da avó, que ocupava um terreno onde hoje fica a Avenida Sumaré. “Ali a gente fazia churrasco e ficava observando a natureza. Tinha galinha, coelho, horta, flores e o córrego que passava lá dentro”. Ela também lembra que a avó conhecia um pouco sobre plantas medicinais e atendia algumas pessoas que iam até lá pedir ajuda. “Ela juntava algumas ervas e dava para as pessoas fazerem chá. Eu me lembro de poejo, dente de leão, palha de milho”.
Com essas lembranças, ela começou a fotografar os matinhos das calçadas em busca de resgatar tal conhecimento. “Queria mostrar que essas plantas de calçadas não eram só mato, mas eram plantas medicinais e até comestíveis. Só que isso acabou me levando para outro caminho”, conta. Sair de casa com a câmera para olhar o que crescia na rua a aproximou, meio sem querer, do movimento de agricultura urbana.

Conectar-se com as pessoas e a natureza

Em 2011, Paula conheceu a Cláudia Visoni e junto com ela e com outras pessoas participou do movimento que criou o Hortelões Urbanos (hoje um grupo de alcance nacional) e as primeiras hortas de São Paulo. Com sua máquina fotográfica, registrou a abertura de hortas muito significativas para a agricultura urbana em São Paulo, como a horta do CCSP (Centro Cultural São Paulo), do Ciclista e da FMUSP (Faculdade de Medicina da USP). Ela também começou a fazer registros dos mutirões de cuidados, o que a ajudou a aprender mais sobre as plantas e ver como existe gente interessada em uma cidade melhor e mais verde. “É um movimento muito bonito. Nas hortas a gente vê a conexão dos mais velhos com lembranças do passado e a curiosidade dos mais jovens que se surpreendem em ver que é possível plantar na cidade”.
Além do aprendizado, ela criou uma nova rede de amigos e contatos e ganhou fôlego para continuar vivendo em São Paulo. “Fui encontrando pessoas que me fizeram resgatar essa relação com a natureza. São pessoas totalmente diferentes que se conectam para falar de agricultura urbana. Entendi que a gente pode trazer o mato para perto”, diz.

Hoje, ela atua como voluntária principalmente na Horta das Corujas e está iniciando o movimento de transformar um espaço do prédio onde mora em um lugar com ervas e plantas comestíveis. “Eu propus plantarmos algumas coisas em um canteiro que não tinha nada e, pra minha surpresa, ninguém foi contra. Plantei batata doce, manjericão, cúrcuma, gengibre e está tudo crescendo. Agora tem o trabalho de convencer outras pessoas a participar”, diz.

A vida profissional também foi transformada

O contato com o movimento de agricultura urbana trouxe para Paula mais do que aprendizado sobre manejo e horta. Trouxe uma nova rede de amigos e até novos caminhos para o próprio trabalho. Ela começou a atuar, também, na área de Educação Ambiental e, hoje, oferece oficinas sobre hortas em vasos e caixotes e participa do Coletivo Terra, que estimula as pessoas a cuidar melhor do lixo por meio da compostagem. Na seara do audiovisual, ela conta que tem conquistado novos clientes na área de sustentabilidade, além de continuar fotografando as hortas, os mutirões e os voluntários desse movimento que está trazendo mais verde pra cidade.

Quer se conectar com ela? Instagram: @popo_paulalopes/

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