Projeto capitaneado pelo Instituto Auá de Empreendedorismo Social, a Rota do Cambuci está ajudando a trazer o Cambuci de volta para a paisagem da cidade e do entorno e, também, para a mesa das pessoas

Em São Paulo, há muitas ruas, bairros e lugares que foram batizados com nomes de plantas. Em muitos casos, a homenagem não é aleatória e tem a ver com história daquele lugar e, principalmente, da vegetação que se faz (ou se fez) presente em abundância.

Um caso clássico é o Cambuci. O bairro fica na região central da cidade e tem o nome de uma árvore que já foi muito abundante por ali. O Cambuci é nativo da Mata Atlântica e tem uma fruta com um formato de disco voador, verde e azedinha. Na época da colonização da cidade, aquela região era a passagem dos tropeiros que se deslocavam pra Serra do Mar. E o Cambuci era largamente consumido por eles curtido na cachaça, até hoje uma das formas mais fáceis de encontrá-lo por aí.

O fruto Cambuci

No último final de semana aconteceu, no Largo do Cambuci e no Largo da Batata, o Festival Gastronômico do Cambuci, quando produtores de derivados do fruto se encontram para apresentar e vender os seus produtos. Tinha doce, cachaça, licor, biscoito, farinha, chá e, também, o fruto congelado, além de mudas do cambucizeiro.

Esse evento só acontece por causa do trabalho de resgate que existe há 10 anos, capitaneado pelo Instituto Auá de Empreendedorismo Social: a Rota do Cambuci. É um arranjo produtivo que ajuda a fomentar toda a cadeia – dos produtores aos processadores – e transformou a fruta quase extinta em um negócio sustentável e rentável, que segue os princípios agroecológicos de respeito à identidade local e valorização cultural. Em 2014, o projeto tinha 10 produtores e rendeu 7 toneladas de Cambuci. Neste ano, são 100 produtores e 80 toneladas da fruta. Esses produtores ficam em toda a região da Serra do Mar Paulista nas cidades de Mogi das Cruzes, Natividade da Serra, Santo André (Paranapiacaba), Rio Grande da Serra, São Paulo, Salesópolis, Paraibuna, São Lourenço da Serra, Ribeirão Pires e Bertioga. Eles têm a compra do Cambuci garantida pelo Insituto Auá, que se encarrega de fazer as vendas para os beneficiadores, lojas e restaurantes que utilizam a fruta.

Além de continuar fomentando a cadeia de produção do Cambuci, o Instituto Auá quer criar a Rota Turística do Cambuci, para valorizar o ingrediente no seu local de origem e ajudar no resgate e manutenção da identidade destes territórios. A ideia é que as cidades onde a cultura do Cambuci está estabelecida se tornem lugares de passeio, para que as pessoas possam conhecê-las, ajudá-las a se desenvolver cada vez mais e, assim, manter o Cambuci vivo na floresta e na mesa.

Se você mora em São Paulo e nunca viu um pé de Cambuci, no Largo de mesmo nome dá pra conhecer de perto. E pra quem quer saber onde encontrar produtos feitos com Cambuci é só clicar aqui.

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