Usando a força dos mutirões, o botânico Ricardo Cardim já implantou mais de 10 Florestas de Bolso em áreas públicas de São Paul. Saiba o que são essas florestas e onde elas estão
Espalhar pequenas florestas pela cidade e trazer de volta à metrópole a vegetação nativa que foi praticamente extinta de São Paulo. Esse é o objetivo do projeto Floresta de Bolso, criado pelo botânico Ricardo Cardim e já implantado em pelo menos 10 pontos da capital, sempre bancado pela iniciativa privada.
Ricardo, que era dentista e virou botânico por paixão, chegou nesse formato de reflorestamento depois de pesquisar a vegetação nas bordas da cidade, em bairros como Parelheiros e Grajaú. “O ponto chave foi quando encontrei uma floresta que tinha rebrotado em um bairro demolido na região de Interlagos. Percebi que existiam espécies nativas da Mata Atlântica que cresciam muito forte em cima dos escombros, ocupavam os espaços muito rapidamente e, às vezes, era possível ter 10 ou 12 árvores por m²”, conta.
Com base naqueles ecossistemas, ele fez uma experiência no jardim do seu escritório e, com os bons resultados, começou a levar a ideia para clientes. Hoje, as florestas de bolso são implantadas de duas maneiras: clientes que encomendam projetos ao escritório de Ricardo e pagam por eles; e aqueles que são feitos na raça, com a ajuda de voluntários e esquema de mutirão.
“Os plantios em mutirão são a fórmula para a educação e conexão entre as pessoas. Teve plantio com 500 voluntários, sem briga. Conheci empresários, investidores, médicos, jardineiros e até moradores de rua nesses eventos. É uma experiência fantástica”.
Como funciona uma floresta de bolso?
Feitas tanto em áreas públicas quanto privadas, as florestas de bolso são um ecossistema autossuficiente, que não precisa de manutenção constante e têm potencial para durar séculos. A escolha das plantas inclui espécies pioneiras, mais rústicas, que oferecem sombra e umidade, ajudam a restaurar o solo e a abrir espaço para o crescimento de espécies mais nobres. Árvores de frutas nativas, como uvaias, araçás e cambucis, são colocadas sempre na borda, onde recebem luz de um lado e sombra do outro, o que estimula o crescimento lateral e faz com que a planta fique com uma altura que facilita o acesso das pessoas. Afinal, a ideia é que elas possam colher essas frutas.
Diferente do que é feito nos reflorestamentos tradicionais, onde uma árvore é plantada a cada 6 m², na floresta de bolso é plantada uma árvore por m², o que forma uma massa densa e heterogênea de plantas que vão competir por água, luz e nutrientes, sempre buscando ter o máximo de eficiência para crescer e sobreviver em uma competição saudável. Todo mundo cresce junto, em maior ou menor escala, o que cria diferentes faixas de folhas, ajuda a manter a umidade do tronco das árvores e do solo e cria condições de abrigar insetos e polinizadores.
Estamos falando de uma máquina de serviços ambientais – como diminuição da temperatura, aumento da umidade do ar, retenção de barulho e poeira – e também de um ambiente propício para trazer de volta a avifauna que se afastou da cidade.
“Os serviços ambientais da floresta de bolso são extremamente eficientes para a qualidade de vida e saúde das pessoas, e também pra atrair biodiversidade. Consigo chamar uma série de bichos que desapareceram da cidade como Tucano de Bico Verde, Tiê Sangue e Tangará. Fazendo isso, vamos ajudar, por exemplo, a controlar as pragas urbanas como ratos, baratas e escorpiões”.
Por que reflorestar dentro da cidade?
Apaixonado por plantas desde a infância, Ricardo começou a se interessar pela vegetação nativa por causa de bosque que existia dentro da escola em que estudava, na Zona Sul. O lugar não era utilizado pelos professores e nem havia estímulos para que as crianças se aproximassem das plantas, mas ele gostava daquele ambiente, ficava maravilhado com o tamanho das árvores e altura das palmeiras. “Eu não entendia porque no resto da cidade não tinha nenhuma árvore como aquelas”, lembra. “Com o tempo, vi que tinha isso em outros lugares fora da cidade, na praia, na serra do mar, e fiquei ainda com mais vontade de reproduzir espaços como aquele na cidade”, completa.
Do ponto de vista urbano, Ricardo defende que as florestas de bolso são um legado para as gerações futuras, já que dificilmente elas serão derrubadas. “Estamos plantando árvores que são protegidas por lei. Se pra cortar uma árvore estrangeira é difícil, uma nativa é quase impossível. Ao plantar uma floresta destas, estamos plantando um legado”.
Para quem quiser conhecer de perto uma floresta de bolso, colocamos aqui o endereço de 10 que estão em áreas públicas.
Parque da Juventude – Av. Cruzeiro do Sul, 2630 – Carandiru.
Bosque da Batata – Largo de Pinheiros
Parque Belém – Avenida Celso Garcia, 2593, Belenzinho
Canteiro central da Avenida Brasil, na altura do número 1825
Parque Cândido Portinari – Avenida Queiroz Filho, 1365
Ponte Cidade Jardim – Avenida Cidade Jardim
Praça Soichiro Honda, Vila Mariana
Avenida Luis Inácio de Anhaia Melo com a Rua Inhamus
Avenida Vereador Abel Ferreira, altura do número 586
Vila Olímpia –Avenida Hélio Pelegrino com Rua Clodomiro Amazonas
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