A poluição sonora da cidade provocou uma mudança no hábito da ave símbolo do Brasil, o Sabiá Laranjeira, que canta na madrugada para sobreviver

Começou a Primavera e, com ela, volto a ouvir o canto do sabiá por volta das 3 horas da madrugada. Eu não me incomodo com o “barulho”. Até gosto (bem melhor do que vizinhos barulhentos). Acho bonito ouvir o passarinho à noite. Mas sei que há pessoas que se incomodam, não conseguem dormir e tal.

Essa história do Sabiá Laranjeira cantar de madrugada começou a ser comentada em 2013, quando virou notícias em jornais, revistas e na televisão. E isso tem muito a ver com a nossa vida urbana, cheia de barulho e poluição.

Normalmente, os passarinhos cantam logo cedo e no final da tarde, quando se recolhem para os seus ninhos. Pra eles, o canto tem a ver com a preservação da espécie. É pelo canto que atraem os parceiros e defendem seu território. Só que com o barulho das grandes metrópoles, como São Paulo, a cantoria acaba não sendo eficiente nos horários convencionais e os sabiás se adaptaram a essa vida da cidade grande e anteciparam o horário do canto. É um fenômeno que ainda vem sendo estudado por biólogos e ornitólogos.

O pesquisador Sandro Von Matter criou um projeto de monitoramento coletivo chamado Hora do Sabiá para, justamente, analisar esse novo comportamento das aves. E a conclusão é de que os sabiás da capital começam a cantar em média 5 horas antes que os seus parentes do interior. Pois é, é o no silêncio da madrugada que eles encontram condições ideais para se comunicar, ouvir e ser ouvidos por outros sabiás. É, também, quando conseguem ensinar os filhotes a cantar para sobreviver.

Ainda não se sabe exatamente o impacto que esse comportamento traz para a vida dos sabiás. Sandro acredita que essa mudança pode se tornar um termômetro para alguns índices de qualidade de vida nas grandes cidades, como a poluição sonora. “Se humanos e aves sofrem alguns dos mesmos impactos perversos da urbanização, certamente as aves podem indicar problemas que, na correria do dia a dia, não somos capazes de perceber”.

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