No começo da década de 1980, moradores da Vila Madalena se mobilizaram para impedir que um terreno do bairro fosse transformado em um presídio para receber os condenados nos julgamentos do Fórum de Pinheiros.
A estratégia deles foi plantar mudas de Pau-Brasil, uma árvore protegida por lei que não pode ser cortada.
Na época, o local ainda não era a Praça Rafael Sapienza de hoje: um bosque com muitas plantas nativas.
“Dizem que essa praça foi construída porque não havia para onde levar o entulho de parte da construção da Faria Lima e aterraram ali. De fato, quando vamos plantar removemos muito entulho”, conta Diego Ramos, criador do projeto Flores no Cimento, que foi quem contou essa história e, em 2018, adotou a praça legalmente, dentro do programa da prefeitura.
Ele acredita que esse movimento dos cidadãos está no cerne do que a praça é hoje: uma área verde de lazer e convivência.
“Pra mim, essa mobilização dos moradores é um grande marco até na manutenção de como a Vila Madalena se constitui hoje. Se tivesse um presídio ali, talvez o bairro fosse diferente”, diz.
Nos 3 anos que passou como cooperado da praça, Diego ajudou a plantar mais de 500 mudas de plantas nativas da Mata Atlântica, como Pau-Brasil, Araucárias e Juçara, além de frutas. Sempre com a ajuda de moradores e voluntários.
“O Tonhão ajudou muito na manutenção da praça e plantio das árvores. E esses moradores, além de cuidar, fazem degraus de contenção de terra”.
Apesar de não ser mais o cooperado da praça, Diego continua ajudando na manutenção do espaço, que é usado pelos moradores para passeios, convivência, atividade física etc.
“Eu resolvi não adotar mais, mas continuo fazendo esse trabalho. E acho que é importante porque, assim, consigo responsabilizar mais pessoas ao mesmo tempo”.