O termo Permacultura foi criado na década de 1970 pelos australianos Bill Mollison (1928-2016) e David Holmgren. Bill cresceu na floresta na Tasmânia, foi lenhador, caçador, pescador e, também, acadêmico. David era estudante de Design Ambiental e foi no ambiente acadêmico que os dois se conheceram e co-criaram esse conceito.

Na origem, a palavra vem do inglês “Permanent Agriculture” e ganhou uma dimensão cultural com o passar dos anos. Hoje, a Permacultura é considerada a contração das palavras cultura e permanente. É a cultura da permanência, que significa ter um ambiente que seja sustentável e resiliente do ponto de vista humano, natural e social.

No livro “Introdução à Permacultura”, Bill Mollison explica que, em um primeiro nível, a Permacultura lida com as plantas, animais, edificações e infraestruturas (água, energia, comunicações). Ele diz:

“Todavia, a Permacultura não trata somente desses elementos, mas, principalmente, dos relacionamentos que podemos criar entre eles por meio da forma em que os colocamos no terreno”.

Por isso, fala-se bastante em design permacultural, que é o arranjo de todos os elementos em um sistema integrado.

Uma das premissas da Permacultura é o não desperdício. É uma visão de que tudo pode ser usado como recurso. “A Permacultura ensina a cultivar alimentos de forma ambientalmente sustentável, a utilizar como insumos os recursos naturais e disponíveis na área ou região, e não desperdiçar nada. Por exemplo: a água da chuva é captada e armazenada, os resíduos da cozinha — assim como os dejetos humanos, através de banheiros secos — são compostados e viram adubo, as construções são feitas de terra”, explica a jornalista e permacultora Alessandra Nahra, no texto Capoeira Angola para escurecer a Permacultura.

E o que isso tudo tem a ver com a cidade?

A Permacultura surgiu na Tasmânia, o menor estado da Austrália (com menos habitantes do que Ribeirão Preto, no interior de São Paulo), onde a vida urbana é bem próxima da vida rural.

Em uma cidade com concreto na quantidade que vemos em São Paulo e com as dimensões continentais com as quais convivemos nesta metrópole, parece que um conceito deste é impossível de ser praticado. De fato é mais difícil e existem empecilhos, mas há caminhos.

A produção local de alimentos, algo que as hortas urbanas podem fazer, é considerada uma oportunidade de se aproximar da Permacultura. “A Permacultura entende que a cidade poderia produzir, a custos baixos, grande parte do alimento que lhe é necessário e consumir os seus detritos na forma de composto orgânico.

Para isso, um passo importante é perder a “vergonha” das plantas úteis e reverter a imagem de que as plantas meramente ornamentais sejam símbolos de riqueza e ostentação. As populações poderiam, assim, obter alimentos a partir do abrigo fornecido pelas cidades, ajudando na convivência solidária e na sobrevivência umas das outras”, avalia Guga Nagib no livro “Agricultura Urbana”.

Entre as possíveis soluções apontadas na obra está a implantação de estufas junto às construções já existentes para aumentar a quantidade e a qualidade dos cultivos urbanos; o uso de folhas e galhos cortados na compostagem; a utilização das áreas públicas abertas e sob as copas das árvores para o cultivo de plantas baixas; o uso de telhados verdes como alternativa para o cultivo de alimentos; entre outras.

Essa possível transformação só vai acontecer, claro, se houver interesse político e social. Por isso os movimentos de agricultura urbana, os coletivos como Permacultores Urbanos e iniciativas práticas como Arboreser são importantes. Desenvolver consciência e educação ambiental é o primeiro passo para que a sociedade entenda esse conceito como algo viável e possível e não como um delírio hippie dos anos 1970.

Você também pode gostar:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *


Deprecated: Directive 'track_errors' is deprecated in Unknown on line 0