Será que dá pra comprar comida boa da padaria antes que vá para o lixo? Para a startup Food to Save, dá! A empresa conecta o consumidor aos estabelecimentos que têm alimentos próximos ao vencimento, porém com boa qualidade. 

Criada em 2021 pelos empreendedores Lucas Infante, Murilo Ambrogi, Guido Bruzadin e Fernando Henrique dos Reis, a Food to Save já resgatou 175 toneladas de alimentos na capital e em cidades da Grande São Paulo. 

Padarias, hortifrutis, cafés, restaurantes e mercados fazem parte deste negócio. Diariamente, essas empresas separam aqueles produtos que estão próximos ao vencimento, não foram vendidos ao longo dia ou possuem uma pequena imperfeição,  colocam entre 3 e 5 itens em sacolas e disponibilizam na plataforma da Food to Save com preços que chegam a ser 70% mais baixos do que o preço de prateleira. O consumidor pode comprar esses produtos pelo aplicativo e receber em casa ou retirar no local. 

Murilo Ambrogi, Lucas Infante e Fernando Henrique dos Reis, sócios da Food To Save. (Foto: Jefferson de Souza/Divulgação)

As sacolas são surpresas e o consumidor escolhe entre doce e salgado, uma forma de chamar a atenção para o tema do desperdício de alimentos, mas também de deixar o processo mais flexível para os comerciantes. 

“O conceito surpresa é para realmente convocar as pessoas a se permitirem a experiência de salvar esse alimento. Outro motivo é a imprevisibilidade do estabelecimento. O empresário não sabe que não vai vender a torta de morango ou que uma chuvarada vai deixar o restaurante vazio naquele dia. Sem essa previsibilidade, o conceito surpresa facilita a vida dele”, explica o CEO Lucas Infante.

Mas isso não é liberdade para ele colocar 5 itens iguais na sacola. Nos treinamentos, as empresas são orientadas a diversificar para oferecer a melhor experiência ao consumidor. 

Já fazem parte da rede de parceiros da Food to Save na capital a padaria Bella Paulista, lojas Rei do Mate, Dengo Chocolates e o Grupo Manai Gastronomia, que tem cerca de 10 restaurantes espalhados por São Paulo. 

E a qualidade? 

Embora sejam produtos que estão próximos ao vencimento ou que não foram comercializados no dia e seriam descartados, todos estão aptos a serem consumidos. 

Essa garantia de qualidade, segundo Lucas, começa no treinamento oferecido aos estabelecimentos que entram na plataforma. Não basta que eles respeitem as leis sanitárias do país, também é preciso se engajar no combate ao desperdício. 

“A primeira orientação para o estabelecimento montar a sacola é: você consumiria esses produtos? Porque, independentemente se pagou barato ou não, a pessoa quer consumir um alimento de qualidade”. 

Lucas Infante, CEO da Food to Save

Para complementar esse controle, a Food To Save realiza diversas pesquisas de qualidade com os clientes e usa a metodologia do cliente oculto, quando uma pessoa consome o serviço como um cliente comum, porém para avaliá-lo.

Um negócio em que todo mundo sai ganhando

O modelo de negócios da Food to Save é chamado de Triple Win porque traz benefícios a todos os elos da cadeia. 

Os estabelecimentos parceiros, além de diminuir o lixo gerado, recebem uma receita incremental pelos produtos vendidos. Em um ano de operação, essa receita foi de 1,2 milhões de reais. 

Os consumidores acessam produtos de qualidade por um preço que chega a ser 70% mais barato. Esse, aliás, é o principal motivo, segundo Lucas, para que as pessoas acessem a plataforma. Hoje, o principal consumidor da Food to Save vem das classes C e D. 

Foto: Estúdio Nômade

A outra ponta beneficiada é o meio-ambiente, já que o negócio evita o descarte incorreto de alimentos, o que impacta na redução da emissão de gases de efeito estufa. “Hoje, 10% de todo o CO2 emitido é proveniente do desperdício de alimentos”, diz Lucas. 

No cerne de todo esse trabalho está a busca por conscientizar empresários e consumidores sobre o problema (e a vergonha?) que é o desperdício de alimentos. 

“Não queremos ser apenas um discurso bonito e uma experiência legal, mas sim provocar a sociedade brasileira para que olhe o consumo de alimentos de uma forma mais humana. Não faz sentido eu falar que é melhor sobrar do que faltar, sendo que o que mais acontece é faltar um prato de comida na mesa do brasileiro. A grande provocação e o grande desafio não é só vender esse excedente, mas mudar o mindset”.

Lucas Infante

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