Na área onde fica uma linha de transmissão de energia elétrica, no Tatuapé, Hilton criou um jardim que tem até lago com peixes. Um espaço que não é público, mas deixa a cidade mais bonita.

 

Andar a pé é mágico. Porque, não raro, você descobre coisas que dificilmente descobriria se estivesse de carro, ônibus ou metrô. Foi assim, andando a pé depois de uma semana de chuvarada intensa que eu descobri o jardim do Hilton, que rapidamente apelidei de Jardim Secreto.

Da calçada da Rua Santa Lúcia, no Tatuapé, por entre as frestas de um portão de madeira, a gente consegue ver uma beleza de jardim, com cara de revista, sabe? Ele fica em um terreno com torres de transmissão da Eletropaulo e o Hilton tem autorização para cultivar suas plantas ali. Ele é paisagista autodidata e, no começo, ocupou o espaço com uma horta orgânica. Vendia as frutas e legumes diretamente para os clientes, mas encerrou esse trabalho porque não tinha dinheiro para fazer uma estufa e sempre acabava perdendo parte da produção por causa das chuvas e outras intempéries. Aí decidiu começar a fazer um jardim. Investia o que podia do salário que ganhava como porteiro para montar o espaço. Foi assim, aos poucos, que ele criou esse pequeno oásis bem ao lado da movimentada Salim Farah Maluf. “Passei cinco anos sem comprar roupa para poder investir aqui”, conta.

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O espaço, que tem até um lago com carpas, acabou se tornando uma vitrine para o trabalho de paisagista que Hilton começou a exercer depois de ser demitido da empresa onde trabalhava como porteiro. Lá, ele recebe qualquer um que queira conhecer seu trabalho mais de perto. É, também, um dos lugares em que ele mais gosta de ficar. “Quando começa a mexer com plantas você não fica doente. Fica em uma paz enorme”, diz.

Um jardim exige manutenção e cuidado constante, que é o que Hilton faz no seu “Jardim Secreto”. Ele conta que vai até o local cerca de três vezes por dia e que ainda tem muito trabalho pela frente. Uma parte do terreno ainda não foi transformada em jardim, mas funciona como uma plantação informal. Tem banana, milho, mamão. Como um dos prazeres do paisagista é ajudar outras pessoas, ele doa boa parte do que produz para um asilo de idosos. Com o milho, faz pamonha e curau e também leva um pouco para os velhinhos. E os passarinhos não ficam de fora da boa ação. Hilton nunca colhe todos os frutos de suas árvores. “Se tiver um mamão só eu não pego, deixo aí para os passarinhos. Temos que pensar neles também”, ensina.

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