Junho é um mês de tradição na Horta Da Mata, em Itaquera. Desde 2014 acontece por lá o Arraiá Maluco, evento que nasceu antes da própria horta.

É que antes de o terreno ser limpo e plantas como alface, ora pro nobis, capuchinha, peixinho da horta, tomate, cana-de-açúcar, alfavaca, pitanga e cebola começarem a brotar, o Grupo da Mata, que é ligado ao grupo cultural Cordão Folclórico de Itaquera, organizava essa festa como uma forma de encontro e também de ocupação daquele espaço.

Foram quatro anos de festa sem horta. E desde 2018 a festa acontece na horta, uma iniciativa do Grupo da Mata, focado em sustentabilidade e articulação cultural.

“Tudo começou com a ideia de ocupar o espaço público, já que aquele lugar era usado como ponto de descarte de lixo. A primeira coisa que fizemos foi o Arraiá Maluco. A gente recolhia as madeiras, limpava a praça, fazia uma fogueirona, todo mundo vinha a caráter, trazia comidinhas e bebida”, conta Uriel Lira Cunha.

Outra forma de ocupar aquele lugar foi construir o Banco da Lua usando o próprio entulho que estava lá, a partir dos princípios da Permacultura. Esse banco também nasceu antes da horta. No ano passado ele foi reformado, ainda usando entulhos e materiais encontrados no terreno. A ideia é que seja um espaço de educação ambiental.

O Banco da Lua foi construído com o entulho recolhido no terreno e é um espaço para conversas e Educação Ambiental. Foto: Maisa Infante

A Horta da Mata e o espaço urbano

As plantas foram chegando aos poucos e a transformação na Horta da Mata é um processo que vem se desenvolvendo desde 2018 e mostra, mais uma vez, que as hortas urbanas não são apenas locais de colheita, mas também de exercício da cidadania.

É um processo de compreensão. A partir do cuidado e da beleza, eles querem ajudar a transformar a visão das pessoas sobre o próprio espaço.

“É difícil se comparar com o lixo, criar um vínculo com aquilo. Agora, com o lugar mais bonito, é muito mais fácil se identificar. E a periferia tem um pouco disso, de as pessoas não se identificarem, valorizarem lugares fora e tratar a própria região como segundo plano”.

Uriel Lira Cunha
A Horta da Mata ocupa um espaço que era usado para o descarte de lixo. Foto: Maisa Infante

Embora seja cercada por grades de um lado, a horta tem acesso livre. A ideia é que as pessoas se aproximem, frequentem, plantem e colham. Iago Quinas Araújo vai para o espaço todas as manhãs e regularmente são organizados mutirões de cuidados e atividades educativas. A ideia é ampliar a atuação conforme mais pessoas se juntem ao coletivo, onde a liberdade é uma aprendizagem.

“Nesse espaço, a educação ambiental é feita no processo. Quando a pessoa passa pela horta e estamos recolhendo o lixo ou colhendo uma planta, isso vai despertar algo nela. Ainda levam lixo para lá, mas diminuiu muito. E tudo bem porque não é do dia para a noite que vamos ter a solução. Não plantamos uma semente e no dia seguinte temos uma flor. Aprendemos ao trazer o processo da natureza para a nossa vida e sendo pacientes com todos e com tudo, inclusive com quem pisa em uma planta que acabei de plantar ou faz a colheita de forma errada. Temos que entender”.

Iago Quinas

O arraiá virtual

Neste ano, por causa da Pandemia, o Arraiá Maluco vai ser virtual. Haverá um bingo online no dia 28 de junho, com a participação de grupos locais de samba de bumbo, capoeira e até concurso de vestimenta. Haverá prêmios e o valor arrecadado com as cartelas será usado para comprar equipamentos de Proteção Individual para os trabalhadores da horta, como luvas, botas, macacões, máscaras etc.

Quem quiser participar pode comprar as cartelas antecipadamente. É só fazer contato com eles pelo Facebook e Instagram.

Bora plantar! E festejar!

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