Na primavera, São Paulo fica mais florida e mais musical. É a época de reprodução das aves, que cantam mais forte e voam ainda mais por aí. É também quando a cidade recebe as aves migratórias, que chegam aqui pra passar as estações quentes e se mandam no outono/inverno.

É também nesta época que os centros de manejo de fauna silvestre recebe muitos filhotes encontrados pelos moradores da cidade. Porém, nem sempre essas aves precisam de cuidados veterinários. Na maioria das vezes, ficariam melhor se pudessem ser deixadas no local de origem, sob os cuidados de seus pais!

Muitas vezes, com o intuito de ajudar, pessoas que encontram filhotes aparentemente “perdidos” acabam interagindo com eles. Imaginam que os pequenos caíram de seus ninhos e precisam de algum tipo de assistência. Nem sempre isso é verdade! É importante que as pessoas saibam identificar quando o animal precisa realmente de ajuda, e o que pode ser feito para que sua saúde não seja prejudicada.

Em São Paulo, muitas espécies são encontradas em quintais de casas, jardins e vias públicas, aumentando a probabilidade de contato com humanos. Veja a seguir como conhecer o procedimento correto, caso encontre uma ave acidentada, que cuidados são necessários ao encontrar um animal machucado ou ferido no meio urbano e, também, como identificar filhotes que precisam de ajuda:

Identificando um filhote

Ainda pequenos e antes de deixar os ninhos, os filhotes de passarinho são chamados de ninhegos. Nessa fase, as aves são muito pequenas e não têm o corpo coberto por penas, o que dificulta a identificação exata da espécie. O ideal é que, nesta etapa, filhotes encontrados caídos sejam recolocados em seus ninhos, para contarem com o auxílio dos pais. Somente eles têm disponibilidade para manter a alimentação e aquecer os filhotes adequadamente.

Porém, os pais não têm condição de levá-los de volta ao ninho. É nessa hora que a ajuda humana é importante, para colocar cuidadosamente os filhotes novamente em sua morada. Quando criado pelos pais, a chance de sobrevivência do filhote é muito maior. Na tentativa de alimentá-los no bico, de forma artificial, pessoas menos experientes podem provocar acidentes, como o sufocamento do filhote.

Resgate

Caso não seja possível devolver o filhote aos pais, a ave deve ser encaminhada imediatamente a algum órgão competente. Para o transporte, utilize uma caixa de papelão fechada, com pequenas aberturas para o animal respirar. Procure não transportar aves em gaiolas, pois essa estrutura, muitas vezes, acaba ferindo os animais.

Cuidados com o filhote

Tenha sempre em mãos o contato das instituições responsáveis pelo manejo da fauna silvestre em sua região. Na impossibilidade de levar o filhote imediatamente aos órgãos encarregados, é importante providenciar alguns cuidados até seu encaminhamento:

• Contenha o animal em um local adequado. Um pano limpo e macio pode ser útil nestes casos. É necessário manter os filhotes aquecidos, longe de correntes de ar, e ao mesmo tempo em local arejado e fora do sol.
• Mantenha disponível um pequeno recipiente com água e não force a alimentação da ave, pois ela poderá se sufocar. Mantenha animais domésticos, como cães e gatos, afastados. Após isso, informe-se por telefone com a Divisão de Fauna Silvestre sobre como proceder.

Filhote abandonado

Ao encontrar um filhote de passarinho abandonado, procure ter certeza de que ele está mesmo sozinho. Em muitos casos os pais costumam se afastar dos filhotes quando pessoas chegam perto. Por isso, muito cuidado ao fazer qualquer tipo de aproximação.

Procure o ninho e veja se há aves por perto que possam ser seus pais. Quando os filhotes estão maiores, apesar de não estarem totalmente aptos para o voo, eles não costumam ficar mais em seus ninhos. Em algumas espécies, as aves jovens costumam correr pelo chão, ou realizar voos curtos e descoordenados.

Se você perceber que a ave está realmente abandonada, parada em um mesmo local durante muito tempo, pode ser que algo tenha acontecido aos seus pais. O tempo de ausência dos pais durante o cuidado com os filhotes pode variar conforme a espécie.

Filhote em perigo

Muitas vezes, mesmo saudáveis, os filhotes ou ninhos se encontram em locais de fácil acesso para animais domésticos, como cães e gatos. Eles também podem estar instalados em ruas movimentadas, correndo o risco de atropelamento.

Em relação aos ninhos, demarque o local e evite aproximações, mantendo os animais domésticos contidos. Caso encontre ninhegos (etapa na qual os filhotes de passarinho ainda não possuem penas em seu corpo), o ideal é devolvê-los o mais rápido possível ao ninho. Filhotes e aves jovens podem ser colocados em locais mais seguros, desde que mantidos próximos do local em que se encontravam. Nesta fase, eles costumam chamar os seus pais, que os encontram mesmo no meio da vegetação adensada.

Machucados ou ferimentos

Ao encontrar um filhote de passarinho, confira a situação do animal. Veja algumas dicas:


1- Verifique primeiramente se há sangue ou alguma alteração na superfície do corpo da ave;
2- Observe se as asas se fecham normalmente ou se ficam caídas (pode evidenciar uma fratura); veja se a plumagem está desigual ou com defeitos (isso pode denunciar o ataque de predadores);
3- Se o filhote não está caído e seus pais estão próximos, não mexa no animal e cuide apenas para que os animais domésticos sejam afastados.
4- Se o filhote está piando e os pais não se aproximam, afaste-se, pois sua presença pode estar inibindo essa aproximação.
5- Dê um determinado tempo para que os animais tenham a chance de agir naturalmente. Só interfira depois de comprovada a necessidade de algum cuidado especial.

Dificuldade em voar

Aves encontradas no chão porque não conseguem voar direito não estão necessariamente com problemas ou precisam da ajuda humana. Nos centros urbanos, é muito comum, principalmente na primavera, encontrar aves recém-saídas dos ninhos que se encontram nessa situação. Estes animais não devem ser recolhidos.

Dependendo da espécie, as aves recém-saídas dos ninhos têm o hábito de buscar alimento no chão. É o que acontece, por exemplo, com o sabiá-laranjeira. Sem conseguir voar adequadamente, os pássaros jovens apresentam movimentos estranhos, trombando em árvores e objetos ao seu redor. Essa situação é normal e faz parte do aprendizado do animal, que está desenvolvendo sua capacidade de voar e de explorar o ambiente. É importante ressaltar que a retirada de animais da natureza nestas condições pode ser considerada crime ambiental.

SERVIÇO

As instituições capacitadas para o recebimento destes animais são os Centros de Manejo de Fauna Silvestre. Eles se dividem em Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) ou em Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS).

A Prefeitura de São Paulo possui unidades para o recebimento destes animais nos parques Ibirapuera e Anhanguera. Antes de encaminhá-los, ligue para o telefone (11)3885-6669 ou (Whatsapp) (11) 96715-5424 e informe o ocorrido aos técnicos da Divisão de Fauna.

**Com informações da Prefeitura Municipal de São Paulo

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